De quem é a culpa? -- Parte 1

A temporada já terminou há algum tempo,a poeira já começou a baixar e agora a frio é hora de deixar aqui a minha opinião sobre tudo o que se passou este ano, e decifrar quem foram os principais responsáveis pela perca deste campeonato. Para evitar um post muito longo vou dividi-lo em três capítulos, sendo que neste falarei de Jesus e do plantel. Noutros posts falarei das responsabilidades de Vieira e de factores externos. Começo por falar no plantel, porque as lacunas existentes no plantel são para muitos causa do insucesso neste ano. Ora na minha opinião é indesmentível que havia lacunas neste plantel , restando saber quem foi o responsável por essas lacunas. Jesus? Vieira? Rui Costa? Carraça? Esmiuçando um pouco mais : - Lateral Direito : com a saída de Wass , as alternativas a Maxi eram Ruben Amorim e Miguel Vitor. Sinceramente , para mim eram mais que suficientes. Maxi Pereira é daqueles jogadores que não quebra durante toda a época, e a poupança em 2/3 jogos será suficiente para a gestão do seu esforço. No entanto com a saída de Ruben Amorim (já lá vamos) restou apenas Miguel Vitor, o que para mim era suficiente pelas razões que descrevi atrás. - Centrais: Não vejo qualquer questão aqui. Os 4 centrais chegariam á partida para uma época tranquila. Não seria expectável á partida , que se lesionassem todos ao mesmo tempo, o que acabaria por acontecer, mas isso foi uma coincidência dos diabos (ou talvez não!!!). - Lateral esquerdo: Aqui houve claramente um erro de casting! Ou dois! Sinceramente eu não conhecia o Emerson, embora soubesse que era um jogador importante no campeão francês Lille. No entanto a sua falta de qualidade técnica deveria ter sido previamente reconhecida. Não sei quem aprovou a vinda do brasileiro mas falhou em toda a linha. Depois a alternativa seria Capdevilla, que sinceramente não me pareceu ter ritmo para estas andanças. É certo que pouco jogou, e sofreu da embirração de Jesus logo de inicio. A minha dúvida aqui é saber quem seria á partida o titular na cabeça de Jesus. Para mim qualquer um dos dois é no máximo um suplente suficiente para o Benfica. O titular teria que ser melhor que os dois juntos. Grande erro de casting aqui. - Trincos : Sabendo que Javi é indiscutivel , pedia-se apenas um suplente para dar alguma rotatividade á equipa. Matic foi e é para mim suficiente, sabendo que Witsel também faz a posição. Sem problemas aqui. - Médio Centro: Aimar já se sabe que não rende os jogos todos e a época toda. Carlos Martins não morava cá, Bruno César foi encostado á linha. Witsel era a opção directa mas notou-se sempre a diferença nos jogos com ou sem Aimar. - Extremo -direito: Enzo Pérez e Ruben Amorim seriam os donos do flanco direito e desertaram os dois! Sem saber as razões , não tenho problemas em culpar os dois jogadores. Por mim não voltavam ao Benfica. Enzo Pérez passou o tempo lesionado e depois veio queixar-se por não jogar. Não entendo!! Queria jogar de muletas??? Já Ruben Amorim preferiu deixar de ser um jogador útil no Benfica para ser um jogador útil no Braga. Opções!!!! Jesus acabou por optar por deslocar Gaitan ou Bruno César para aquele flanco. Consequência imediata foi ver que o Benfica deixou de ter um único jogador que fizesse centros da linha de fundo pelo lado direito. Tanto Gaitan como Bruno César invariavelmente puxavam a bola para dentro (para o melhor pé) na hora do centro, tornando-se assim muito previsiveis. -Extremo- Esquerdo : Gaitan, Nolito, Bruno César. O que havia a mais de um lado sobrava do outro. - Avançados: também aqui havia quantidade e qualidade. Em resumo : as grandes lacunas eram claramente a lateral esquerda da defesa2 e o lado direito do ataque. Não me parece que sejam estas lacunas a justificação para a não conquista do campeonato. Como tal viramos agora agulhas para a gestão que Jesus fez deste plantel. Esmiucemos então a coisa: - Sistema táctico: Jesus privilegiou nas duas primeiras épocas o 4-2-3-1, no entanto com a contratação de Witsel era expectável que utilizasse um sistema 4-3-3, com Javi , Aimar e Witsel no meio campo. Isso obrigaria a que jogasse apenas com um avançado e Cardozo devido á sua pouca mobilidade não seria o mais indicado. No entanto no somatório global, o paraguaio demonstrou que continuava a ser o mais concretizador do plantel, e acabou por ser o avançado mais utilizado da época. Ora, o que Jesus fez então foi avançar Aimar para junto do uruguaio á semelhança daquilo que El Mago fazia no ano de Quique Flores . E isso já se sabe que não resulta lá muito bem. A opção de Rodrigo no lugar de Aimar deixava a equipa um pouco partida ao meio e Saviola nunca contou ( e bem na minha opinião). Em resumo, Jesus jogou grande parte da época em 4-2-3-1, mas com jogadores de 4-3-3, e ao certo nem se sabia se era um sistema ou era outro. -Conflitos : Ao que consta , Jesus terá tido conflitos com Capdevilla, Ruben Amorim e talvez Enzo Pérez. No caso de Rúben Amorim, por mais razão que tivesse perdeu-a quando teve aquelas declarações no estágio da selecção. Enzo Pérez não percebi o que queria ao certo. E Capdevilla se é que não se esforçou de inicio mereceu o castigo, mas a forma silenciosa como o encarou, merecia que tivesse oportunidades mais cedo e com mais assiduidade. Em resumo, em todas as equipas á treinadores com conflitos com jogadores. Veja-se o caso de Paulo Bento (Ricardo Carvalho, Martins, etc) ou o próprio Vitor Pereira (Rodriguez, Alvaro Pereira). - Gestão Fisica do plantel: Aqui reside das maiores falhas de Jesus. Rotatividade não é com ele. Miguel Vitor poderia ser utilizado uma vez ou outra a lateral e não foi. Preferiu a aberrante ideia de colocar Witsel nesse lugar. Depois quando foi obrigado a colocar Miguel Vitor por lesão dos centrais este não tinha ritmo para a coisa e cedeu fisicamente.Javi terminou a época em grande défice fisico , quando poderia ter sido poupado em vários jogos , jogando Matic nessa posição. Witsel poderia ter descansado vários jogos mas pelo contrário ainda teve que fazer horas extras a lateral direito. E por aí fora... - Gestão psicológica do plantel: Também aqui Jesus falhou. Veja-se por exemplo o caso de Miguel Vitor que era na maioria das vezes o central que se sentava no banco e das várias vezes que teve que entrar correspondeu. E no jogo seguinte quando se pensava que ele seria titular era Jardel que aparecia no onze. Pèssima gestão psicológica neste e noutros casos. - Substituições: As substituições de Jesus são sempre as mesmas e acredito que sejam defenidas ainda antes do jogo começar. O caso mais evidente era a substuição de retirar um médio para colocar mais um avançado, quando se apanhava a ganhar. Resultou quase sempre muito mal. Em suma , Jesus cometeu muitos erros este ano mas ainda assim não acho que tenha sido o grande culpado de termos perdido o campeonato. Culpo-o apenas na derrota em Guimarães (onde falhou ao jogar apenas com dois elementos no meio campo), no empate em Barcelos( não conseguiu ver que o Benfica perdia aos poucos o controlo de meio campo e nada fez para o evitar, acabando por nem fazer a terceira substituição possível). Com o Porto em casa não fosse o golo inválido e muito provavelmente não tinha perdido o jogo e o campeonato. Em Coimbra houve mais que ocasiões de ganhar e golear e não podemos culpar o treinador das falhas todas dos avançados. E em Olhão acho que faltou motivação aos jogadores e nesse caso Jesus também tem responsabilidade em não os conseguir motivar.